quarta-feira, 25 de abril de 2018

“Não há guerra entre cartéis, é o Exército que está matando no México”, denuncia jornalista





Fernando León Jacomino - OPERA MUNDI


Conversa com Federico Mastrogiovanni, jornalista italiano radicado no México. Leiam com atenção, pois o México de hoje nos mostra o que será o Brasil amanhã, a continuar a militarização, a entrega das riquezas naturais, destruição do sistema público de educação, a violência resultante de tudo isso. É a militarização que causa a violência, não o contrário como diz a mídia, diagnostica o sociólogo e jornalista ítalo-mexicano e arremata: o jornalismo tem que ser crítico!


(...) Contam-nos que existe uma série de grupos que detêm o poder do estado, mas não é verdade. O Estado no México é forte, não é um estado falido como se diz, é forte e além disso, reprime com muita força. Mas é mais articulado, em vários estados há muitas forças, mas a base de tudo isso está em uma política de terror.(...)

(...) Como em muitos casos há uma resistência por parte da população, porque chega uma mineradora e destrói um território em que não se pode fazer nada. O que se necessita para expropriar essas terras é que se gere um contexto de violência, um clima de medo. As pessoas vão embora, há muito deslocamento forçado interno, ou se calam, ou chega o Exército e toma o território. A violência justifica a resposta de segurança,(...)

(...) O que sustento é que há uma relação importante, e que não se leva em consideração, entre a produção de violência e a exploração de recursos naturais. O tema do narcotráfico é em parte uma cortina de fumaça porque quando se observa as datas se percebe que por exemplo, no México, o ex-presidente Lázaro Cárdenas [1934 e 1940] havia nacionalizado os hidrocarbonetos. Enrique Peña Nieto [2012 – atual] fez uma reforma energética que demorou anos para ser implementada. Minha leitura é que todo o mandato anterior, de [Luiz Felipe] Calderón (2006 – 2012), preparou a reforma energética que Peña Nieto pôs em prática quando chegou. Dando acesso a todas as empresas estrangeiras.

Eram necessárias duas coisas: uma reforma energética e um tempo prévio de geração de violência para permitir a resposta de segurança do forte estado mexicano que agora tira território da população para entregar às empresas.(...)  
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