terça-feira, 13 de abril de 2021

“Pacificação” - O eufemismo para a ditadura do Brasil sob Bolsonaro, por Ramona Wadi

Strategic Culture


Embora o Bolsonaro possa ter suscitado recentemente uma cisão entre o governo e os militares, quaisquer divergências ou diferenças de opinião ou estratégia entre as duas entidades ainda tenderão para a ideologia de direita.


Em julho de 1963, o governo Kennedy decidiu que precisava “fazer algo pelo Brasil”. O papel dos EUA, na época, era desestabilizar o país, que foi executado pela Agência Central de Inteligência (CIA) entre 1961 e 1963, enquanto se analisava as opções de trazer o Brasil a uma abordagem compatível com os interesses imperialistas dos EUA. O presidente João Goulart deveria ou expulsar a esquerda do seu governo, ou então enfrentar um golpe militar, que em 1962 já era considerado a opção preferível.


Em 31 de março, as Forças Armadas do Brasil, apoiadas pelos EUA, deram um golpe militar que obrigou Goulart ao exílio no Uruguai. Os EUA reconheceram imediatamente o governo militar, que abriu caminho para a tortura generalizada de oponentes. As estatísticas indicam um número menor de civis desaparecidos no Brasil do que no Chile e na Argentina, por exemplo. No entanto, o uso da tortura era galopante e o principal método usado para reprimir qualquer resistência à ditadura. Mais de 50.000 brasileiros foram detidos e torturados, enquanto 10.000 foram forçados ao exílio.


No governo do atual presidente Jair Bolsonaro, a ditadura militar abalou de forma brutal a memória do país. Enquanto em 2011 o Congresso brasileiro votou a favor de um projeto de lei para a criação de uma comissão da verdade como primeiro passo rumo à justiça e à construção da memória coletiva do país, Bolsonaro tentou emular táticas de ditadura dentro de um quadro democrático por meio de suas políticas, que se concretizam nos ataques às comunidades indígenas, a educação, além de dar espaço para o recrudescimento da direita no país.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Mianmar: Um Clássico Golpe Militar

 


Já no dia 29 de janeiro, era possível serem vistos tanques de guerra se deslocando pelas ruas de Rangum (Yangon), a principal cidade e antiga capital de Mianmar. Ao mesmo tempo, nas redondezas de Nepiedó (Naypyidaw), a atual capital, barreiras policiais eram levantadas em diversos pontos das estradas e para completar o cenário do golpe, as tradicionais manifestações em favor dos militares para dar um fim na "corrupção que assola o país".

A corrupção, no caso, foi a vitória eleitoral do LND (Liga Nacional pela Democracia), que para alguns analistas, poderia ter sido um fator para se deflagrar o golpe, pois segundo os militares os resultados haviam sido fraudados.

A verdade é que a vitória do LND foi esmagadora; o partido da líder Aung San Suu Kyi, Conselheira de Estado e Nobel da Paz de 91, conquistou  aproximadamente 80% das cadeiras do Parlamento, composto pelas Câmaras alta e baixa.

Todavia a ação dos militares liderados pelo todo poderoso general Min Aung Hlaing não era algo difícil de se acontecer. Os militares depois de décadas de ocupação no governo, garantiram via constituição, seus privilégios como nomear 56 representantes na Câmara alta e 110 na baixa.

E não é só isso!, reservaram para si o controle dos 3 ministérios mais importantes: defesa, interior e de fronteiras.