domingo, 6 de setembro de 2020

E se o Google bloqueasse a BBC?, por Raquel Ribeiro

 

Canais oficiais de notícias de Cuba foram bloqueados pelo Google. O objectivo é sabotar lentamente uma fonte (e uma rede) de notícias que desestabiliza o circuito mainstream de informação.



Foram «apenas» 24 horas, mas é um facto que o portal de informação cubano Cubadebate, que agrega as contas online do diário Granma, do canal de televisão Cubavisión Internacional e o programa diário da televisão cubana, «Mesa Redonda», viu as suas contas no Google e no Youtube suspensas. Até a denúncia internacional ser tão ruidosa, que ironicamente, e sem qualquer explicação, o Google reactivou a conta.

É mais um apagão mediático contra Cuba, banal, demasiado comum, num país que vive um apagão comercial-económico-financeiro em forma de bloqueio imposto pelos Estados Unidos, desde 1960. Nem é a primeira vez que isto acontece: em 2011, o Google já tinha feito o mesmo. Se tentar aceder hoje à conta da Radio Habana Cuba no Twitter surge o seguinte aviso: «Esta conta foi temporariamente restringida. Está a ver este aviso porque tem havido actividade incomum nesta conta. Quer proceder?»

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Por que o modelo de negócios do Uber está condenado, por Aaron Benanav

 


Créditos da foto: Empresas de compartilhamento de carona, como Uber e Lyft, não geram insegurança no trabalho, mas alimentam a insegurança que é onipresente na economia contemporânea (Jarrod Valliere/REX/Shutterstock




Como outros aplicativos de transporte, o Uber apostou alto em um futuro automatizado que não se concretizou

Após ameaçarem deixar a Califórnia, as empresas Uber e Lyft obtiveram recentemente um indulto temporário da ordem para que reconheçam seus motoristas como empregados em vez de colaboradores independentes. As empresas argumentaram que não conseguiriam cumprir a ordem da noite para o dia, embora mais de dois anos tenham se passado desde que a Suprema Corte da Califórnia ordenou que mudassem suas práticas. A lei trabalhista californiana AB5 supostamente poria um ponto final no descumprimento.

Pode-se supor que tratar incorretamente os motoristas como colaboradores independentes garantiria lucros exorbitantes às empresas de transporte por aplicativos, como o Uber. A realidade é muito mais estranha. Na verdade, o Uber e o Lyft não estão tendo lucro nenhum. Ao contrário, as empresas perdem dinheiro há anos, cobrando pouco dos usuários pelas viagens em uma tentativa de expandir agressivamente sua participação no mercado mundial. Achatar os rendimentos dos motoristas não é sua principal estratégia para se tornar lucrativo. Isso apenas diminui a velocidade com que as empresas queimam dinheiro.

A verdade é que o Uber e o Lyft, em grande parte, existem como apostas em automação financiadas por Wall Street, que se mostraram infrutíferas. Essas empresas estão tentando sobreviver a desafios legais impostos às suas práticas ilegais de contratação enquanto esperam pelo aprimoramento das tecnologias de carros autônomos, que não precisam de motorista. O advento do carro autônomo permitiria que o Uber e o Lyft dispensassem seus motoristas. Tendo conquistado o domínio do mercado de corridas compartilhadas, essas empresas colheriam lucros em um mercado monopolizado. Nos planos de negócios de longo prazo da Uber e Lyft simplesmente não há espaço para o pagamento de salários decentes aos motoristas.