segunda-feira, 16 de outubro de 2017

As delações premiadas, por GGN e DCM


GGN e DCM


Esta reportagem é a primeira da série financiada através de um crowdfunding feito em parceria entre o Jornal GGN e o DCM. Outras virão. Obrigado pelo apoio. Fique ligado.

Exclusivo: Livro de Tacla Duran revela os subterrâneos da delação premiada na Lava Jato

O instituto da delação premiada é recente na história do direito penal brasileiro. E passou a ser utilizado exaustivamente na Operação Lava Jato.
Como deuses ex-machina, procuradores e juiz passaram a ter poder total sobre o futuro dos réus. O poder de fixar penas, de abrandá-las, de impor multas pesadíssimas ou irrisórias, de confiscar dinheiro ou de liberá-los, segundo critérios pessoais, indevassáveis. E contando com o apoio maciço da mídia tradicional.
Em torno do tema corrupção, criou-se uma indústria riquíssima para a advocacia, seja nos trabalhos mais sofisticados de compliance nas empresas ou no trabalho mais tosco de orientar uma delação. Especialmente em uma operação em que um mero diretor da Petrobras tinha acumulado contas de mais de uma centena de milhões de dólares no exterior.
Nesse universo pouco transparente, o vazamento do livro que está sendo escrito por Rodrigo Tacla Duran foi uma bomba. Nele, Duran denunciava uma proposta que lhe teria sido feita por advogado estreitamente ligado ao juiz Sergio Moro.
No primeiro capítulo da série, traremos um resumo do livro de Tacla Duran, com a ressalva de que se trata de uma visão parcial dele, em sua própria defesa.

A formação do mercado de doleiros

Independentemente das revelações sobre a Lava Jato,  livro de Tacla Duran é um ponto de partida para a história da internacionalização do capital brasileiro, o momento em que o mercado paralelo ganha musculatura, sofisticação e passa a gerir parte relevante da poupança dos bilionários brasileiros.
A primeira investida foi nos anos 80, através da Corretora Tieppo, que quebrou por não entender adequadamente sobre os novos mercados especulativos que surgiram na esteira da liberalização cambial global.
No final dos anos 80 já havia um volume considerável de recursos estrangeiros no exterior. Depois do Plano Collor, que acabou com as contas ao portador, a migração foi maior. E se acelerou definitivamente no pós-Real com a disseminação das contas CC5, que permitiam a residentes estrangeiros abrir no país.
A CC5 foi criada no final dos anos 60, durante a ditadura, mas seu propósito inicial era, em tese, nobre. Era para facilitar a vida de estudantes, pesquisadores e funcionários de multinacionais que vinham ao Brasil para morar durante um certo tempo e, em razão disso, não tinha CPF nem outros documentos necessários para abrir conta bancária. A Carta Circular número 5 do Banco Central resolveu esse problema.
Com o tempo, no entanto, laranjas estrangeiros, que nunca moraram efetivamente no país, e offshores passaram a ser usados para movimentar conta bancária. Não eram alcançáveis pelos órgãos de fiscalização no Brasil e, em consequência disso, eram o canal perfeito para escoar dinheiro sujo.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Há uma onda de privatização da água contratada no Brasil, alerta deputado


SUL 21


Audiência pública na Assembleia Legislativa debateu proposta de privatização do DMAE e seus impactos para a população. (Foto: Maia Rubim/Sul21)
Marco Weissheimer
O deputado federal Givaldo Vieira (PT-ES) disse nesta quarta-feira (11), em Porto Alegre, que o Brasil está vivendo uma onda de privatização contratada no setor do saneamento e abastecimento de água. Presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU), da Câmara de Deputados, Givaldo Vieira participou de uma audiência pública, no plenarinho da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, que discutiu a proposta de privatização do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Porto Alegre (DMAE), feita pelo prefeito Nelson Marchezan Junior (PSDB). O deputado observou que a onda é contratada porque o governo Temer está colocando a privatização de empresas públicas do setor de saneamento como uma condição para fechar acordos de renegociação de dívidas com os estados. Segundo ele, já está em curso um processo de precificação dessas empresas, que está sendo financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Proponente da audiência realizada pela CDU, o deputado federal Henrique Fontana (PT) afirmou que as propostas de privatização no setor de saneamento se inserem em um contexto maior de criminalização dos serviços públicos e dos servidores públicos em todo o país. Para Fontana, o discurso utilizado pelo prefeito Nelson Marchezan Junior para defender a privatização é uma contradição em termos. “Na justificativa do projeto, ele diz que a privatização é o caminho para a universalização dos serviços de saneamento e abastecimento de água. Ora, o setor privado só entra em uma atividade se tiver lucro, o que é incompatível com a universalização”, disse o deputado, citando o exemplo de Berlim, que privatizou os serviços do setor e depois voltou atrás, por decisão da população, tornando-os públicos de novo. Na abertura da audiência, Fontana informou que o prefeito de Porto Alegre e a atual direção do DMAE foram convidados formalmente a participar do encontro, mas não enviaram nenhum representante.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

As mãos e as vozes que empurraram o reitor da UFSC para a morte, por Luís Nassif


GGN

File source: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Luis_Roberto_Barroso_2014.jpgLuís Roberto Barroso tem fixação por sua imagem pública. Algumas denúncias estampadas em blogs de Curitiba, encampadas pelos blogueiros de Veja, foram suficientes para deixa-lo de joelhos.
As denúncias falavam da compra de um apartamento em Miami pela senhora Barroso, através de uma offshore. Mesmo casados em comunhão de bens, compartilhando um escritório bem-sucedido, o nome de Barroso não entrou na história, até o eixo Curitiba-Veja entrar no tema.
E o Ministro Barroso decidiu defender sua imagem com as armas que conhecia: abandonou suas teses legalistas, seu passado garantista e decidiu aderir aos agressores. Sua estreia se deu na votação da autorização para a prisão do réu após condenação em Segunda Instância.

Trabalhador sem carteira e autônomo sustentam "recuperação" do mercado

RBA


Desemprego tem recuo trimestre, mas cresce a informalidade. "Temer cria cenário para empresários inescrupulosos explorarem mão de obra barata pela total falta de opção e desespero", diz presidente da CUT

São Paulo – A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (29) pelo IBGE, mostrou recuo da taxa dedesemprego no trimestre encerrado em agosto, em comparação com maio, de 13,3% para 12,6%, ainda acima de igual período do ano passado (11,8%). A estimativa é de 13,113 milhões de desempregados no país, 658 mil a menos no trimestre (-4,8%) e 1,090 milhão a mais em 12 meses (9,1%). Mas a aparente melhoria no período recente se sustenta, principalmente, pelo emprego sem carteira e por conta própria, o que não é exatamente um indicativo de recuperação.
Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, o problema não são os números ruins em si, mas seu significado na vida das pessoas. "Estamos falando de chefes de família, homens e mulheres sem renda, sem dinheiro para o aluguel, sequer para as despesas básicas do dia a dia que, desesperados, humilhados", afirma Vagner em seu blog. "Está criado o cenário ideal para empresários inescrupulosos explorarem uma mão de obra que se torna barata pela total falta de opção e desespero."
De maio para agosto, foram criados 1,374 milhão de postos de trabalho. Destes, mais da metade foram de empregados sem carteira assinada (286 mil) e trabalhadores por conta própria (472 mil). O emprego com carteira teve leve alta, de 0,5%, com mais 153 mil.
Em um ano, o quadro é pior: o mercado abriu 924 mil vagas, mas essa expansão se concentra no emprego precário ou informal: 552 mil empregados sem carteira (5,4%) e 612 mil por conta própria a mais (2,8%). No emprego formal, foram fechadas 765 mil vagas, queda de 2,2%.
Os empregados com carteira assinada no setor privado somam hoje 33,412 milhões. Os sem carteira são 10,757 milhões e os trabalhadores por conta própria, 22,846 milhões. O emprego domésticos mantém-se estável, com 6,111 milhões de pessoas, enquanto o emprego no setor público tem 11,460 milhões.
Entre os setores, a indústria abriu 227 mil vagas no trimestre (1,9%) e 365 mil em 12 meses (3,2%). A construção civil criou 191 mil (2,9%) e eliminou 353 mil (-4,9%), respectivamente, enquanto o comércio/reparação de veículos registra acréscimo de 178 mil (1%) e 219 mil (1,3%). Os diferentes segmentos de serviços têm resultado positivo ou estável.
O rendimento médio dos ocupados, estimado em R$ 2.105, variou -0,5% no trimestre e 1,9% em relação a 2016. A massa de rendimentos (R$ 186,722 bilhões) teve variações de 0,9% e 2,7%.