sábado, 30 de maio de 2015

Pesquisa realizada na Univasf produz energia elétrica e purifica água por meio da atividade bacteriana


UNIVASF



Renata Freitas

Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) conseguiu gerar energia elétrica a partir da atividade de bactérias Escherichia coli cultivadas em solução de água e nutrientes em ambiente controlado. Durante 11 dias, as bactérias geraram continuamente 0,5V, atingindo, nesta fase, o ápice da produção de energia. O trabalho é realizado pelos professores Helinando Pequeno de Oliveira, do Colegiado de Engenharia Elétrica; e Mateus Matiuzzi, do Colegiado de Zootecnia, em conjunto com a estudante de doutorado em Engenharia Industrial da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Ariadne Helena Pequeno de Oliveira. 

A pesquisa teve início no final do ano passado, após a aprovação da proposta pelo Edital N° 11 de Cooperação Internacional Facepe/MIT e será desenvolvida na Univasf e no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. O projeto contará com a participação do professor do Departamento de Química do MIT Timothy Swager, que trabalha com a produção de grafenos modificados quimicamente. 

Os primeiros resultados são animadores, segundo o coordenador da pesquisa, Helinando de Oliveira. “Nosso objetivo é cultivar bactérias para que elas sejam geradoras de energia e no futuro possamos transformar células bacterianas em fonte alternativa de energia e produzi-las em escala industrial”, informa. Uma das metas, de acordo com ele, é fazer com que as bactérias gerem energia em quantidade equivalente à produzida por células solares.

Com esse intuito, a equipe desenvolveu no Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (Leimo), do Instituto de Pesquisa em Ciência dos Materiais (IPCM), Campus Juazeiro (BA), um reator, formado por dois compartimentos de teflon separados por um trocador de prótons. Num dos compartimentos, foram inseridas as células bacterianas, cultivadas pelo microbiologista Mateus Matiuzzi, e a solução de água limpa e nutrientes. Elas são mantidas numa estufa, com temperatura controlada a 37°C. 

Ao se reproduzirem, as bactérias geram energia e enviam para o outro lado, por meio de eletrodos de carbono, a água limpa purificada devido à troca de prótons pela membrana disposta entre os compartimentos. Esta purificação da água é outro efeito da atividade bacteriana. Oliveira observa que este resultado já era esperado, mas destaca o fato de a produção energética e a descontaminação da água ocorrerem num ambiente totalmente controlado e com um único tipo de bactéria, o que distingue o trabalho de outras pesquisas já realizadas com as Microbial Fuel Cells (MFC), como são chamadas as células bacterianas geradoras de energia.

Os pesquisadores da Univasf estão testando, no momento, a energia gerada pelas células bacterianas quando acopladas a um resistor. Ao conectá-las a um resistor de 1.000 ohms, eles obtiveram uma tensão de 53 milivolts, ainda considerada pequena. Mas a pesquisa, que está no início, será desenvolvida até dezembro de 2016.

Parte do estudo será realizada no MIT, com a colaboração do professor Timothy Swager. A ideia é utilizar os eletrodos de grafeno, produzidos por ele, em substituição aos de carbono que estão sendo utilizados aqui. O objetivo é verificar se há incremento na energia gerada. “Estamos confiantes de que até o final da pesquisa teremos bons resultados a apresentar”, afirma Oliveira.



segunda-feira, 25 de maio de 2015

Brasil, um país desconhecido pelos brasileiros


CARTA MAIOR

Um Brasil desconhecido de grande parte da população é tratado pela FAO como um caso de relevância internacional no combate à fome.



Najar Tubino

É um fato concreto que a versão veiculada pela mídia sobre o que acontece no país é totalmente desvirtuada e dirigida, segundo seus interesses empresariais e familiares. Em relação às políticas públicas voltadas para o combate à fome e a produção de alimentos pela agricultura familiar, que engloba trabalhadores e trabalhadoras assentadas, quilombolas, ribeirinhos, indígenas e o povo marginalizado há décadas nos nove estados nordestinos e o norte de Minas Gerais, que formam o semiárido. No final do ano passado a FAO, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, lançou pela primeira vez o relatório sobre Segurança Alimentar e Nutricional inteiramente sobre um país, no caso, o Brasil. O documento começou a circular este ano, e têm versões em português, espanhol e inglês. Internamente a notícia veiculada rapidamente dava conta que o Brasil tinha saído do Mapa da Fome.
 
A FAO monitora mais de 180 países nos quesitos sobre insegurança alimentar. E o Brasil, desconhecido de grande parte da população, é tratado como um caso de relevância internacional, que passou a ser um exemplo e copiado por muitos outros países por suas políticas adotadas no combate à fome e a produção de alimentos pela agricultura familiar. Como esclareceu o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic:
 
Prioridade para segurança alimentar é política
 
“- A conjuntura do Brasil é caracterizada pela consolidação e institucionalização de políticas bem sucedidas de combate à fome e de promoção da segurança alimentar e nutricional (SAN), norteados pelo Direito à Alimentação Adequada, da ONU. O Brasil cumpriu e ultrapassou os Objetivos do Milênio no que diz respeito à redução da pobreza e da fome”.
 
A questão não é técnica e sim política, como define a própria Lei 11.346/2006, que é a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional, onde está definido o significado de tudo isso:
 
“- É a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis. Não é um conceito técnico, é um conceito político, construído com intensa participação social”, escreve o dirigente da FAO no Brasil.

Barragens Subterrâneas Amenizam Efeitos da Seca no Semiárido


EMBRAPA


Embrapa Solos - Barragem subterrânea após chuva em Ouricuri (PE)


Saindo de Recife e adentrando pelos estados de Pernambuco e Alagoas, a paisagem dominante era a da vegetação seca sob o sol inclemente do semiárido: alguns poucos cultivos de mandioca e palma subsistiam em meio à caatinga e desafiavam o clima seco. Chegamos então à propriedade de Seu Dedé, no pequeno município de São José da Tapera, em Alagoas. O contraste era visível: dentro de seu terreno, as plantações de coentro, alface, aipim, milho e feijão eram todos de um verde muito vivo. Ao ser questionado sobre como ele conseguia plantar tantos alimentos durante o período de seca, Seu Dedé deu um sorriso largo e disse que nunca faltava água em sua propriedade: ele possuía uma barragem subterrânea.
"É muita água, agora todos os meus vizinhos, do micro ao médio produtor, querem construir uma barragem, e eu tenho a receita", diz Seu Dedé feliz. "Construí a primeira em 2008, a segunda barragem, que fiz em 2014, foi feita com o dinheirinho que consegui com a primeira."
A barragem é uma tecnologia popular, não foi criada pela Embrapa. Existem registros de barragens há mais de dois séculos. A Empresa pesquisa sua utilização há 30 anos. Ela é uma tecnologia de captação da água da chuva que contribui para o convívio dos sertanejos com o Semiárido, proporcionando a produção de água para a atividade agropecuária e diminuindo os riscos da agricultura dependente de chuva. A barragem está presente em todos os estados do Semiárido, incluindo o Norte de Minas Gerais.
Com a adoção das barragens subterrâneas, as famílias conseguem armazenar água suficiente para manter sua produção. A barragem é uma parede construída para dentro da terra, que tem a função de barrar as águas das chuvas que escorrem no interior e acima do solo, formando uma vazante artificial onde os agricultores ficam com o terreno molhado entre três e cinco meses após a época chuvosa, permitindo a plantação, mesmo em época de estiagem, de culturas de subsistência, fruteiras, forragem, hortaliças, plantas medicinais, cana-de-açúcar, batata doce, arroz, etc.
"A experiência com barragens subterrâneas comprova que ela contribui para a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras, bem como para a geração de renda a partir da comercialização dos produtos nas feirinhas agroecológicas", diz a pesquisadora da Embrapa Solos Maria Sonia Lopes da Silva. A barragem também diminui a demanda por produtos externos à propriedade, como alguns alimentos, fitoterápicos e pequenos animais", completa. Outro fator importante é proporcionar às famílias maior poder aquisitivo e acesso a bens de consumo.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

BNDES aprova R$ 773,2 milhões para construção de 10 parques eólicos no Nordeste

BNDES

• Serão 7 parques eólicos no Piauí, com financiamento de R$ 621,2 milhões, e 3 na Bahia, apoiados com R$ 152 mi. Potência total será de 264,4 MW

A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento para dois complexos eólicos, um no Piauí e outro na Bahia, com potência instalada total de 264,4 MW e investimentos que somam R$ 1,2 bilhão.

Os sete parques do Piauí, no município de Simões, terão financiamento de R$ 621,2 milhões, incluindo os investimentos em sistemas de transmissão e em projetos sociais. Controladas pela Ventos de São Tito Holding (Grupo Casa dos Ventos), as usinas terão potência instalada total de 210 MW e devem entrar em operação no segundo semestre do ano.

O investimento total no projeto será R$ 910 milhões. A construção dos parques eólicos Santa Joana II, VI, VII e XIV e Santo Onofre I a III vai permitir a criação de 1,2 mil empregos diretos e indiretos durante as obras. Os parques contarão com 105 aerogeradores fornecidos pela Gamesa.

Na Bahia, o Complexo Eólico Caetité, no município do mesmo nome, é composto de três parques eólicos, que vão gerar 54,4 MW. Os recursos do Banco, de R$ 152 milhões, também incluem a linha de transmissão associada e investimentos sociais no município de Caetité. 

Com investimentos totais de R$ 309,1 milhões, que abrangem a aquisição de 32 aerogeradores produzidos pela General Electric, as obras levarão à criação de cerca de 2 mil  empregos diretos e indiretos.

Para exploração de cada parque eólico foram constituídas sociedades de propósito específico (Caetité 1, 2 e 3), vencedoras do leilão de energia de 2013. As SPEs são controladas pela Centrais Elétricas de Caetité Participações (Grupo Rio Energy).

Além de contribuir para a diversificação da matriz energética, os complexos eólicos no Piauí e na Bahia trarão benefícios à população e à infraestrutura regional, como a redução da utilização de insumos derivados de petróleo, diminuindo a emissão de gases de efeito estufa, e investimentos sociais no entorno das usinas.