domingo, 31 de agosto de 2025

Tarifas: Uma arma histórica nas relações internacionais

 

As tarifas foram utilizadas pelos países como uma defesa da sua economia por um período determinado, limitados por alguns itens que eram mudados dependendo da ocasião. É claro que em função da força de um país em relação ao outro, as consequências dessas tarifas podem ser catastróficas para o lado mais fraco, em função da sua estrutura econômica : nível de desenvolvimento, diversidade, qualidade de mão de obra etc. O caso extremo é o imperialismo aplicar tarifas de importação a produtos que muitos países são dependentes do seu comércio. Geralmente seriam produtos agrícolas ou extrativistas. É um procedimento que teria, nesse caso, um resultado semelhante à sanção econômica.

De qualquer maneira, é um mecanismo que as nações sempre utilizaram.


                             O Malho: 07/01/1922


terça-feira, 13 de abril de 2021

“Pacificação” - O eufemismo para a ditadura do Brasil sob Bolsonaro, por Ramona Wadi

Strategic Culture


Embora o Bolsonaro possa ter suscitado recentemente uma cisão entre o governo e os militares, quaisquer divergências ou diferenças de opinião ou estratégia entre as duas entidades ainda tenderão para a ideologia de direita.


Em julho de 1963, o governo Kennedy decidiu que precisava “fazer algo pelo Brasil”. O papel dos EUA, na época, era desestabilizar o país, que foi executado pela Agência Central de Inteligência (CIA) entre 1961 e 1963, enquanto se analisava as opções de trazer o Brasil a uma abordagem compatível com os interesses imperialistas dos EUA. O presidente João Goulart deveria ou expulsar a esquerda do seu governo, ou então enfrentar um golpe militar, que em 1962 já era considerado a opção preferível.


Em 31 de março, as Forças Armadas do Brasil, apoiadas pelos EUA, deram um golpe militar que obrigou Goulart ao exílio no Uruguai. Os EUA reconheceram imediatamente o governo militar, que abriu caminho para a tortura generalizada de oponentes. As estatísticas indicam um número menor de civis desaparecidos no Brasil do que no Chile e na Argentina, por exemplo. No entanto, o uso da tortura era galopante e o principal método usado para reprimir qualquer resistência à ditadura. Mais de 50.000 brasileiros foram detidos e torturados, enquanto 10.000 foram forçados ao exílio.


No governo do atual presidente Jair Bolsonaro, a ditadura militar abalou de forma brutal a memória do país. Enquanto em 2011 o Congresso brasileiro votou a favor de um projeto de lei para a criação de uma comissão da verdade como primeiro passo rumo à justiça e à construção da memória coletiva do país, Bolsonaro tentou emular táticas de ditadura dentro de um quadro democrático por meio de suas políticas, que se concretizam nos ataques às comunidades indígenas, a educação, além de dar espaço para o recrudescimento da direita no país.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Mianmar: Um Clássico Golpe Militar

 


Já no dia 29 de janeiro, era possível serem vistos tanques de guerra se deslocando pelas ruas de Rangum (Yangon), a principal cidade e antiga capital de Mianmar. Ao mesmo tempo, nas redondezas de Nepiedó (Naypyidaw), a atual capital, barreiras policiais eram levantadas em diversos pontos das estradas e para completar o cenário do golpe, as tradicionais manifestações em favor dos militares para dar um fim na "corrupção que assola o país".

A corrupção, no caso, foi a vitória eleitoral do LND (Liga Nacional pela Democracia), que para alguns analistas, poderia ter sido um fator para se deflagrar o golpe, pois segundo os militares os resultados haviam sido fraudados.

A verdade é que a vitória do LND foi esmagadora; o partido da líder Aung San Suu Kyi, Conselheira de Estado e Nobel da Paz de 91, conquistou  aproximadamente 80% das cadeiras do Parlamento, composto pelas Câmaras alta e baixa.

Todavia a ação dos militares liderados pelo todo poderoso general Min Aung Hlaing não era algo difícil de se acontecer. Os militares depois de décadas de ocupação no governo, garantiram via constituição, seus privilégios como nomear 56 representantes na Câmara alta e 110 na baixa.

E não é só isso!, reservaram para si o controle dos 3 ministérios mais importantes: defesa, interior e de fronteiras.

domingo, 6 de setembro de 2020

E se o Google bloqueasse a BBC?, por Raquel Ribeiro

 

Canais oficiais de notícias de Cuba foram bloqueados pelo Google. O objectivo é sabotar lentamente uma fonte (e uma rede) de notícias que desestabiliza o circuito mainstream de informação.



Foram «apenas» 24 horas, mas é um facto que o portal de informação cubano Cubadebate, que agrega as contas online do diário Granma, do canal de televisão Cubavisión Internacional e o programa diário da televisão cubana, «Mesa Redonda», viu as suas contas no Google e no Youtube suspensas. Até a denúncia internacional ser tão ruidosa, que ironicamente, e sem qualquer explicação, o Google reactivou a conta.

É mais um apagão mediático contra Cuba, banal, demasiado comum, num país que vive um apagão comercial-económico-financeiro em forma de bloqueio imposto pelos Estados Unidos, desde 1960. Nem é a primeira vez que isto acontece: em 2011, o Google já tinha feito o mesmo. Se tentar aceder hoje à conta da Radio Habana Cuba no Twitter surge o seguinte aviso: «Esta conta foi temporariamente restringida. Está a ver este aviso porque tem havido actividade incomum nesta conta. Quer proceder?»

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Por que o modelo de negócios do Uber está condenado, por Aaron Benanav

 


Créditos da foto: Empresas de compartilhamento de carona, como Uber e Lyft, não geram insegurança no trabalho, mas alimentam a insegurança que é onipresente na economia contemporânea (Jarrod Valliere/REX/Shutterstock




Como outros aplicativos de transporte, o Uber apostou alto em um futuro automatizado que não se concretizou

Após ameaçarem deixar a Califórnia, as empresas Uber e Lyft obtiveram recentemente um indulto temporário da ordem para que reconheçam seus motoristas como empregados em vez de colaboradores independentes. As empresas argumentaram que não conseguiriam cumprir a ordem da noite para o dia, embora mais de dois anos tenham se passado desde que a Suprema Corte da Califórnia ordenou que mudassem suas práticas. A lei trabalhista californiana AB5 supostamente poria um ponto final no descumprimento.

Pode-se supor que tratar incorretamente os motoristas como colaboradores independentes garantiria lucros exorbitantes às empresas de transporte por aplicativos, como o Uber. A realidade é muito mais estranha. Na verdade, o Uber e o Lyft não estão tendo lucro nenhum. Ao contrário, as empresas perdem dinheiro há anos, cobrando pouco dos usuários pelas viagens em uma tentativa de expandir agressivamente sua participação no mercado mundial. Achatar os rendimentos dos motoristas não é sua principal estratégia para se tornar lucrativo. Isso apenas diminui a velocidade com que as empresas queimam dinheiro.

A verdade é que o Uber e o Lyft, em grande parte, existem como apostas em automação financiadas por Wall Street, que se mostraram infrutíferas. Essas empresas estão tentando sobreviver a desafios legais impostos às suas práticas ilegais de contratação enquanto esperam pelo aprimoramento das tecnologias de carros autônomos, que não precisam de motorista. O advento do carro autônomo permitiria que o Uber e o Lyft dispensassem seus motoristas. Tendo conquistado o domínio do mercado de corridas compartilhadas, essas empresas colheriam lucros em um mercado monopolizado. Nos planos de negócios de longo prazo da Uber e Lyft simplesmente não há espaço para o pagamento de salários decentes aos motoristas.